Pedro e Lina

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012


Era desse ouro que precisava para construir a casa de Lina.iria pois procurá-lo estivesse onde estivesse. De tanto pensar acabou amofinado, nervoso, andando a toa,sem saber o que fazer e para onde ir; acabou subindo no serrote, que era para ele um refúgio, onde a serenidade das alturas lhe acalmava o espírito atribulado.E de lá de cima viu o rio, manso, sem pressa, dando-lhe exemplo de moderação. Sol a pino, a água fulgia e refulgia, cintilante. E nos reflexos das ondas Pedro viu um rio de ouro.

Sertão do São Francisco, final do século 19. Nas cercanias de Cabrobó surge uma grande fazenda de gado capitaneada por Jacinto, um daqueles coronéis do sertão, prepotente e rude, dono da Tiririca e, na cabeça dele, do mundo.
Esse é o ponto de Partida pra história que, segundo a visão de Antônio de Santana Padilha, seria a responsável pela formação de Petrolina, ou pelo menos deveria ser.
Por meio de uma narrativa própria, o autor descreve o homem do sertão nas suas mais diferentes faces. Retrata o caboclo valente, a mulher letrada que vem morar com o capitão rude e poderoso, o curandeiro que curava a todos com cuspe, a velha faladeira que ia de terreiro em terreiro, o cangaceiro que virou capataz, a afilhada zelosa, as crianças que brincavam na caatinga e o casal apaixonado e separado pelo poder do pai.
A trajetória do Capitão Jacinto, casado com Dona Idalina, modifica os destinos de tantos outros quando este se vê diante da afilhada da esposa e cede a lascívia em nome daquilo que era uma das suas duas grandes paixões: Gado e mulher.
A partir daí o que se segue é um apanhado de fatos que culmina com a retirada de Pedro, Filho do vaqueiro Norberto com Palmira, a afilhada da Tiririca. Esse, pra conseguir ter de volta o grande amor da sua vida, parte rumo a Minas pra buscar o ouro das Gerais e ter condições de dar a Lina a vida que uma filha do coronel da Tiririca merecia. Tudo segue seu percurso normal até que Pedro chega a pedra grande, em frente a passagem do Juazeiro e se encanta com o lugar. Lá se estabelece, organiza a vila, prospera e volta trazendo a amada. 
Uma típica história com final feliz, que traz no bojo as delícias de ver se formando um novo vilarejo que acaba vindo a ser essa linda cidade de Petrolina.
Sinceramente acho que não posso colocar nesse post meu entusiasmo com o livro.
Comecei a lê-lo sem empolgação, pela incompreensão da narrativa (que retrata ao mesmo tempo os acontecimentos que originaram e o encaminhamento para o desfecho numa espécie de alternância entre o passado e o presente da história) mas persistindo um pouco me encantei e fiquei presa no visgo do livro.
Acho que o que posso dizer de mais significativo é: LEIAM!
O livro está disponível na biblioteca municipal e na do SESC, em várias escolas e com muita gente, sobretudo professores, depois de uma reedição capitaneada pela professora Elisabeth Moreira com o auxílio de Socorro Lacerda, pessoa a quem, aliás, agradeço a delícia dessa leitura. 
Eu também possuo o exemplar acima, portanto, aqueles que desejarem, podemos conversar na perspectiva de que cada vez mais pessoas possam ter acesso a essa obra incrível de um filho da terra brilhante. 
Muito obrigada Antônio de Santana Padilha, esteja onde estiver...