TV, Internet e Machado de Assis

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Assim como vários estudantes do Brasil, tive acesso à Machado de Assis através da escola.
Lembro-me que, à época do meu encontro com Machado, eu devo ter sido uma das poucas pessoas da turma que gostaram da leitura. O livro? Dom Casmurro, claro!
Parte dos meus colegas não entendiam como iriam fazer uma ficha de leitura de um livro sem final. Os meninos já fuzilavam Capitu de cara. Traidora, era o veredito!
As meninas, mais condescendentes, achavam que não, que ela era vítima do ciúme do marido.
Ainda hoje, ao chagar ao trabalho, me deparei com uma exposição escolar sobre Machado e sua obra. Como todo evento estudantil haviam muito burburinho, adolescentes correndo aos berros com seus olhares fugindo em namoros discretos (outros nem tanto).
Toda essa introdução foi para lembrar que como boa parte dos brasileiros, estou acompanhando a série inspirada no livro e, devo confessar, ADORANDO!
Achei simplesmente fascinante a linguagem utilizada pra recontar a história. Rápida, sagaz, viva!!
Acho que, no fundo, a história retrata grande parte dos romances que estão por aí, passeando em nosso cotidiano. O encantamento, a luta para viver feliz para sempre, a desconfiaça de que o outro, tão infinitamente fantástico, está sempre além do que merecemos e, portanto, vai acabar encontrando outra pessoa, o ciúme, as dúvidas...
Parece engraçado como temos sempre o hábito de repetir as mesmas histórias, pouco menos dramáticas, claro, no entanto sob a mesma estrutura: Encantamento, veneração, luta por felicidade, ciúmes. Quem de nós nunca viu, ao seu redor, uma história assim, heim?

Voltando à série, de tudo o que tenho visto, duas coisas me chamaram a atenção. Uma delas foi a música tema de Bentinho e Capitu, a sonoridade arrastada, meio MPB meio "Rock medieval", a introdução levíssima. Cheguei a achar, durante as chamadas da série, que seria uma daquelas incurssões de Caetano no Inglês...
A outra coisa foi a atriz, a Letícia Persiles. Uma coisa tem que ser reconhecida: Os olhos da garota parecem que saltaram da página do livro para o mundo real. Sem contar com o excelente trabalho de corpo que ela apresenta em cena. Não sou atriz, mas desconfio que numa obra tão "pesada" como essa (conjunturalmente falando), retratada de forma tão teatralizada, corre-se o risco de tornar-se meio caricata. E caricatura de uma personagem como a Capitu chega à beirar a heresia.
Busquinhas rápidas na net e duas gratíssimas surpresas: Beirut e Manacá.
O primeiro, um grupo americano responsável pela deliciosa Elephant Guns, tema da série. Altamente apreciados na net, tenho o desmérito de reconhecer minha total ignorância sobre a sua existência, bem como a do segundo, um quarteto carioca que tem a Letícia como vocalista. A banda tem um som marcante, uma espécie de rock misturado com música regional, bem ao estilo do Movimento Armorial do Ariano Suassuna. O som dos caras é tão bacana que até parece Pernambucano! (desculpem, não resisti...)
Tenho me esbaldado no My Space esses dias então, dá pra imaginar a felicidade que é ter acesso a tanta coisa bacana que a mídia costuma não divulgar para os reles mortais. No entanto, dessa vez, mordo a lingua. Sabe-se lá quanto tempo eu levaria para ouvir esses sons se não fosse a série? Milênios...
É, caríssimos, Televisão também é cultura, não???

LINKS:

Beirut
http://www.myspace.com/beruit

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