Romance

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008


Estive no cinema esses dias pra assistir o filme "Romance" de Guel Arraes com produção da Paula Lavigne. E me surpreendi...
Devo confessar que esperava um romance básico, que seria super bacana só pelo fato de contar com o Wagner Moura mas, o filme é muito mais que isso...
Uma deliciosa estória de encontros e desencontros, tão comuns, não é mesmo.
Guel, como sempre influênciado pelo "Suassunismo", consegue reconceber a criação do Romance Fernando e Isaula, a releitura nordestina que Ariano deu à Tristão e Isolda.
Não, e a fotografia do filme? Maravilhosa!!! Cada cena linda. E as do teatro, então? Incríveis...
Sem contar no belíssimo arranjo feito pra já conhecida Nosso estranho amor, de Caetano.
E os diálogos de Ana (Letícia Sabatela) e Pedro(Wagner Moura) sobre a concepção de amor, hein?
Nossa me apaixonei, sério!!!
Um filme sem as nuances do cinema engajado, crítico social, só um filme pra assistir e, com sorte, extrair alguns conceitos sobre amores e relacionamentos.
Em resumo, aprovadíssimo!!!

Al otro lado del rio

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008




Al Otro Lado del Río
Jorge Drexler
Clavo mi remo en el agua
Llevo tu remo en el mío
Creo que he visto una luz
al otro lado del río
El día le irá pudiendo
poco a poco al frío
Creo que he visto una luz
al otro lado del río
Sobre todo creo que
no todo está perdido
Tanta lágrima, tanta lágrima
y yo, soy un vaso vacío
Oigo una voz que me llama
casi un suspiro
Rema, rema, rema-a Rema, rema, rema-a
En esta orilla del mundo
lo que no es presa es baldío
Creo que he visto una luz
al otro lado del río
Yo muy serio voy remando
muy adentro sonrío
Creo que he visto una luz
al otro lado del río
Sobre todo creo que
no todo está perdido
Tanta lágrima, tanta lágrima
y yo, soy un vaso vacío
Oigo una voz que me llama
casi un suspiro
Rema, rema, rema-a Rema, rema, rema-a
Clavo mi remo en el agua
Llevo tu remo en el mío
Creo que he visto una luz al otro lado del río

Vou sumir uns dias...
Mas a causa é nobre!
Fiquemos com o bálsamo que é essa música e com a foto que tirei na ponte,
Rema, rema, rema...
Ninguém pára...
Cheiros

"NESTA MARGEM DO MUNDO O QUE NÃO É REPRESA É BALDIO. ACREDITO TER VISTO UMA LUZ AO OUTRO LADO DO RIO. "

TV, Internet e Machado de Assis

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Assim como vários estudantes do Brasil, tive acesso à Machado de Assis através da escola.
Lembro-me que, à época do meu encontro com Machado, eu devo ter sido uma das poucas pessoas da turma que gostaram da leitura. O livro? Dom Casmurro, claro!
Parte dos meus colegas não entendiam como iriam fazer uma ficha de leitura de um livro sem final. Os meninos já fuzilavam Capitu de cara. Traidora, era o veredito!
As meninas, mais condescendentes, achavam que não, que ela era vítima do ciúme do marido.
Ainda hoje, ao chagar ao trabalho, me deparei com uma exposição escolar sobre Machado e sua obra. Como todo evento estudantil haviam muito burburinho, adolescentes correndo aos berros com seus olhares fugindo em namoros discretos (outros nem tanto).
Toda essa introdução foi para lembrar que como boa parte dos brasileiros, estou acompanhando a série inspirada no livro e, devo confessar, ADORANDO!
Achei simplesmente fascinante a linguagem utilizada pra recontar a história. Rápida, sagaz, viva!!
Acho que, no fundo, a história retrata grande parte dos romances que estão por aí, passeando em nosso cotidiano. O encantamento, a luta para viver feliz para sempre, a desconfiaça de que o outro, tão infinitamente fantástico, está sempre além do que merecemos e, portanto, vai acabar encontrando outra pessoa, o ciúme, as dúvidas...
Parece engraçado como temos sempre o hábito de repetir as mesmas histórias, pouco menos dramáticas, claro, no entanto sob a mesma estrutura: Encantamento, veneração, luta por felicidade, ciúmes. Quem de nós nunca viu, ao seu redor, uma história assim, heim?

Voltando à série, de tudo o que tenho visto, duas coisas me chamaram a atenção. Uma delas foi a música tema de Bentinho e Capitu, a sonoridade arrastada, meio MPB meio "Rock medieval", a introdução levíssima. Cheguei a achar, durante as chamadas da série, que seria uma daquelas incurssões de Caetano no Inglês...
A outra coisa foi a atriz, a Letícia Persiles. Uma coisa tem que ser reconhecida: Os olhos da garota parecem que saltaram da página do livro para o mundo real. Sem contar com o excelente trabalho de corpo que ela apresenta em cena. Não sou atriz, mas desconfio que numa obra tão "pesada" como essa (conjunturalmente falando), retratada de forma tão teatralizada, corre-se o risco de tornar-se meio caricata. E caricatura de uma personagem como a Capitu chega à beirar a heresia.
Busquinhas rápidas na net e duas gratíssimas surpresas: Beirut e Manacá.
O primeiro, um grupo americano responsável pela deliciosa Elephant Guns, tema da série. Altamente apreciados na net, tenho o desmérito de reconhecer minha total ignorância sobre a sua existência, bem como a do segundo, um quarteto carioca que tem a Letícia como vocalista. A banda tem um som marcante, uma espécie de rock misturado com música regional, bem ao estilo do Movimento Armorial do Ariano Suassuna. O som dos caras é tão bacana que até parece Pernambucano! (desculpem, não resisti...)
Tenho me esbaldado no My Space esses dias então, dá pra imaginar a felicidade que é ter acesso a tanta coisa bacana que a mídia costuma não divulgar para os reles mortais. No entanto, dessa vez, mordo a lingua. Sabe-se lá quanto tempo eu levaria para ouvir esses sons se não fosse a série? Milênios...
É, caríssimos, Televisão também é cultura, não???

LINKS:

Beirut
http://www.myspace.com/beruit

As três verdades

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

A vontade de voltar a ter um blog já existia há algum tempo. Depois de várias desculpas e adiamentos, eis aqui...
Blog feito, template armado e cordel arranjadado (agradecimentos especiais a Xande e Maví), eis que surge a dúvida: Qual vai ser mesmo o assunto do primeiro post???
Como tenho corrido bastante, e desde a ideia da criação desse espaço lí, ouví e ví coisas bem bacanas, fiquei na dúvida e acabei adiando a inauguração.
Hoje, quando lia um texto que minha mãe trouxera da faculdade me deparei com algo interessante. Eram as transcrições de uma conferência onde um educador hindu dizia que a educação vai além dos conceitos formais repassados hoje. Tá, áté aí nenhuma novidade, porém em complemento, ele dizia que a educação se fazia completa com a inserção de uma cultura que se moldava à partir da existência de um fato, uma verdade e uma verdade absoluta. O fato, era aquela pequena verdade mutável. A verdade seria aquilo que não se muda com o tempo e, por sua vez, a verdade absoluta seriamos nós, aquilo que verdadeiramente somos, fazemos e pretendemos. Alguns desses conceitos podem ser discutíveis no que diga respeito a forma como compreendemos a cultura mas não se pode negar uma certa lógica nessa opinião. A diversidade não está no conjunto de idéias geradas por pessoas diferentes, por verdades variadas e fatos tão mutáveis que nos vemos a cada dia com uma gama cada vez maior de expressões de cultura das mais diversas fontes?
Esse texto me remeteu automáticamente à munha última leitura. Por esses dias, fuçando um pouquinho as prateleira da biblioteca municipal (que, diga-se de passagem, possui um acervo bibliográfico que pode ser considerado até surpreendente) encontrei um livro chamado A VIAGEM DE THÉO, um romance sobre as religiões existentes nos vários cantos do mundo, com direito até à um pequeno capítulo sobre o candomblé, ao qual eu faria pequenas observações acerca da descrição do culto e do Brasil, mas que não chegam a estragar o livro. A bem da verdade o livro é até bastante rico, uma leitura de umas 600 páginas que não se mostra, em absoluto, monótona. Nele, a grande lição da história é o respeito à diversidade, a possibilidade de se compreender o mundo dentro da pluralidade nele contida, de se congregar a diferença num todo maravilhoso chamado humanidade.
Ao fim do livro, sensibilizada em parte pela história e em outra por esse clima geral de retorno à nossa espiritualidade que grande parte de nós acaba experimentando com as festas de fim de ano, acabei tomada pelo desejo de compartilhar, diferente daquele piegas de que todo mundo se veste quando se toca nesse assunto. Meu desejo de compartilhar tem, antes de tudo, a cara da comunhão de idéias, de desejos e de ações. Tem as cores da força motriz de idealizar e realizar novos desafios, de dividir os sonhos realizáveis. É assim que eu gostaria de começar a criar esse espaço, com o desejo profundo de que isso vá além dos diarios virtuais, mesmo por que eu ainda acho infinitamente mais charmosos os diários de papel, mas acima de tudo que essa margem do mundo seja o lugar onde nos encontremos para discutir e fazer coisas diferentes tão iluminadas quanto possam ser.
"Há três tipos de verdade – um fato, uma verdade e uma verdade absoluta. Falar como é o que viram é um fato. Suponham que Eu os veja vestindo um traje banco e fale que “estão vestindo um traje branco”, isso conota um fato. Mais tarde, em casa, vocês podem vestir uma camisa azul. Então, o que Eu disse antes não é mais o correto. Portanto, um fato é sujeito à mudança. A verdade, por outro lado, não muda com o tempo. Uma pessoa pode trocar qualquer número de trajes, mas ela permanece a mesma. Assim, a verdade é a mesma em todos os tempos. Eu sempre digo que vocês não são uma pessoa, mas três. Aquela que pensam que são, isto é, o corpo físico. Aquela que os outros pensam que vocês são, isto é, a mente. E aquela que vocês realmente são: o Eu Superior. Vocês são uma combinação de corpo, mente e Eu Superior. Isso é referido como a verdade absoluta nos Vedas. Ela é descrita como: sem atributos, pura, morada final, eterna, imaculada, iluminada, livre e a personificação do sagrado."